segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Em 30 de setembro foi impresso o primeiro livro do mundo: a Bíblia de Gutenberg

A Bíblia de Gutenberg
A era do papel começou a 30 de setembro de 1452, com a impressão do primeiro livro do mundo. A Bíblia de Gutenberg é o incunábulo mais importante, uma vez que marca o início da produção em massa de livros no Ocidente. 
A Bíblia de Gutenberg – cuja produção começou em 1450 – é o primeiro livro do mundo, criado nos primeiros tempos da imprensa com tipos móveis. Foi impressa da tradução em latim da Bíblia, por Johann Gutenberg, em Mainz, na Alemanha.
Uma cópia completa desta Bíblia tem 1282 páginas, com texto em duas colunas, sendo que a maioria era encadernada em dois volumes. Contém 73 livros e está dividida em Antigo Testamento e Novo Testamento. Acredita-se que foram produzidas 180 cópias, 45 em pergaminho e 135 em papel. Foram impressas, rubricadas e iluminadas à mão, ao longo de três anos.

sábado, 28 de setembro de 2013

Cordel sobre a chegada de Tim Maia ao céu é lançado na Feira Solidária do Complexo do Alemão

A chegada de Tim Maia no céu” é o título do cordel lançado hoje (28), dia em que o homenageado completaria 71 anos, pelo carioca Victor Alvim, o Lobisomem, integrante da Academia Brasileira de Literatura de Cordel e autor de mais de 30 obras, várias delas em homenagem a artistas cariocas, como Jovelina Pérola Negra, Zeca Pagodinho e Arlindo Cruz. 

Victor Alvim, o Lobisomem
O lançamento aconteceu na Feira Solidária da Estação Palmeiras do Teleférico do Alemão. Depois de autografar alguns exemplares da obra na barraca do também cordelista José Franklin e posar para fotos, Lobisomem declamou os versos do seu cordel para os frequentadores da feira, em sua maioria moradores do Complexo do Alemão e turistas de diversas regiões do Brasil e muitos do exterior.

O cordelista José Franklin em sua barraca na Feira Solidária
Nos versos, Lobisomem conta que era dia de festa no céu, cuja principal atração seria Tim Maia. Mas, a fama do cantor ‘lá em cima’ não era das melhores, por conta dos ‘furos’ que o artista deu em diversos compromissos profissionais. Assim, após uma ordem direta de Deus, coube a São Pedro tentasse garantir que Tim Maia se apresentasse na festa no céu, que teria muitos convidados. Se ele conseguiu? Isso você, caro leitor, só vai saber lendo o cordel.

A Feira Solidária funciona diariamente na Estação Palmeiras
Além da obra “A chegada de Tim Maia no céu”, várias outras sobre o dia a dia dos moradores do Complexo do Alemão estão à venda na Feira Solidária, que funciona diariamente na Estação Palmeias do Teleférico. Entre elas, “A Feira Solidária da Estação Palmeiras do teleférico do Alemão” e “Dico e a invasão do Alemão”, ambos de autoria de José Franklin. Ali o visitante também encontra a obra “ABC da Capoeira para crianças”, de Victor Alvim e ilustrações de Rui Apolinário, e o livro “A voz do Alemão”, de Sabrina Abreu e Renê Silva.

As obras de Mariluce Souza na barraca da Turismo no Alemão
A Feira Solidária possui diversas barraquinhas com produtos artesanais, como  canecas, almofadas, bijuterias, camisetas grafitadas na hora e produtos alimentícios. Na barraca da Turismo no Alemão, por exemplo, estão à venda diversas obras da artista plástica Mariluce Souza, que retrata em telas, garrafas e caixas de joias, em cores vibrantes, diversas imagens da comunidade, em especial as casas e o teleférico. No local também há postais com imagens registradas pelas lentes do fotógrafo Bruno Itan.
   

 
 
 
 
    
 
 

quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Noite de autógrafos do livro ‘ASSIMÉTRICOS’, de Andrei Bastos, será no dia 1º de outubro

“Aviso ao leitor: se espera encontrar aqui algo do tipo 'profundo mergulho na condição humana', nem comece. Este é um livro militante, escrito por alguém que briga todos os segundos de cada dia por liberdade – o elementar respeito aos direitos civis, dele e da sua comunidade.”
José Casado, jornalista.

A Livraria Blooks e Ponteio Edições convidam para noite de autógrafos do livro Assimétricos – textos militantes de uma pessoa com deficiência, do jornalista Andrei Bastos, que será realizada no próximo dia 1º de outubro, às 19h, na Livraria Blooks - Espaço Itaú de Cinema –, na Praia de Botafogo, 316, na Zona Sul carioca.

Andrei Bastos teve sua vida e seus passos associados à indignação contra as injustiças sociais. Esse ativismo o levou desde cedo a uma vida de lutas, iniciada no movimento estudantil do final dos anos 60, quando também conheceu a prisão e as arbitrariedades da perseguição política. Nos dias atuais, Andrei se dedica à incansável militância na defesa do movimento pelos direitos das pessoas com deficiência e às minorias esquecidas pela sociedade.

Aos 52 anos, Andrei perdeu uma perna e passou a viver as restrições à mobilidade e ao trabalho impostas às pessoas com deficiência por uma sociedade moldada por preconceito e discriminação. Assimétricos é uma reunião de textos militantes publicados por Andrei em jornais e blogs, especialmente na página de opinião de O Globo.

Para Izabel Maior, médica, professora e ativista, ex-Secretária Nacional de Promoção dos Direitos da Pessoa com Deficiência, “o livro Assimétricos vai agradar e igualmente encetar uma boa polêmica”.

O autor:
Andrei Bastos é jornalista. Trabalhou nos jornais Correio da Manhã e O Globo, dirigiu sua própria empresa de comunicação, atuou nas ONG’s QualiVida, IBDD e Terra dos Homens, integrou a Comissão de Direitos Humanos da OAB/RJ, de 2008 a 2012, e, atualmente, integra a ONG Sociedade pela Responsabilidade Pública (SRP) e o Fórum Nacional de Educação Inclusiva.


Divulgação: Terezinha Santos / TFS Comunicação (21) 9914-7040

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Largo de São Francisco terá 'batalha de poesia' (SLAM TAGARELA) na quarta-feira


A poesia vai deixar as páginas dos livros e ganhar as ruas do Rio de Janeiro na próxima quarta-feira, dia 25. O evento SLAM TAGARELA, criado pelo professor Paulo Emílio Azevedo, vai promover uma competição de poesias a partir das 12h, no Largo de São Francisco, no Centro. A partir desta data, o sarau será fixo toda primeira terça-feira do mês, no mesmo local e horário. Trata-se do maior Slam do mundo, pois no TAGARELA os poetas poderão abrir o verbo sem tempo fixo.

Para deixar o público com gostinho de ‘quero mais’ e ter uma noção do que vai acontecer em termos de poesia, Paulo Emílio lança amanhã, dia 24, o seu novo livro, “Palavra projétil: poesias além da escrita”, pela Editora Ibis Libris, na Livraria Saraiva do Leblon (Av. Ataulfo de Paiva, 1321), no Corujão da Poesia, às 22h. A obra mostra Paulo Emílio Azevedo como poeta de estilo atraente e seguro, com poemas em rajadas, fortes, ritmados, às vezes hip hot ou slam, às vezes suave, brisa. No livro, com sua oratória poética, pode-se ver o professor, dançarino, homem, irmão, filho e pai. Junto com a gravação de um DVD e CD (com o coletivo Le FUCOH), o livro completa uma trilogia sobre o tema.

O SLAM TAGARELA é a versão carioca do SLAM-poetry - que surgiu na década de 80 em Chicago, nos Estados Unidos. “Uma competição de poesias, da invenção de Marc Smith que queria aproximar a poesia das pessoas, popularizando-a e valendo-se da emoção do momento, da musicalidade presente nas palavras e no valor inusitado das performances”, explica Paulo Emílio que conheceu o gênero na França com o artista que ele considera sua principal referência, Abd Al Malik. 

Doutorando em Ciências Sociais, Paulo Emílio Azevedo acredita que baseado na espontaneidade presente na oralidade e na performance do slam-poetry seria relevante utilizar essa linguagem no processo educacional; ele complementa “dentro e fora das escolas tradicionais, nos palcos, nas praças, nos hospitais, nas prisões… Nas ruas, sobretudo, nas ruas”, defende Paulo. 

A escolha do Largo de São Francisco nesse horário das 12h às 14h é uma forma de estimular a poesia na boca do povo: “No horário do almoço, as pessoas tendem a se perceber de modo privilegiado e mesmo apesar da fome, sempre sobra um tempinho pra falar. Há uma escuta diferenciada e melhor recepção da palavra”. O professor e poeta pretende, também, ao trazer a arte para a rua, estimular o processo criativo no espaço urbano, dando continuidade a um rol de ações já realizadas sob a sua direção neste ambiente.

Que venha o Slam-poetry; o único gênero poético que não pode ser compreendido como parte de um estilo literário - “toda poesia pode ser um slam, o que importa é menos o estilo da escrita e mais o acento do verbo quando se fala e ou quando se projeta o corpo no espaço”, conclui Paulo.

Saiba mais: www.ciagente.com.br.

Abaixo, trechos do poema “Carta aos elefantes”, de Paulo Emílio Azevedo:

Garoto meio irado, 

no ócio anuncia o enredo.

Menino sem lar na lama, 

associa angústia,

medo!

Cedo, um disparo reverbera.

Berra de lá uma voz no escuro,

muros!

...

Vis, sois vós que vindes aqui

me insultar com poesias chulas

de capoeira, entendo,

sou mestre, então cuidado.

Passo a perna, quebro o braço

de todo safado que trai amigos

SERVIÇO:

Dia 24 de setembro, terça-feira, às 22h. ENTRADA FRANCA.
O poeta Paulo Emílio Azevedo lança no “Corujão da Poesia” o livro “Palavra Projétil: poesias além da escrita” pela Editora Ibis Libris. Livraria Saraiva, Av. Ataulfo de Paiva, 1321 – Leblon.

25 de setembro, quarta-feira,  a partir das 12h. ENTRADA FRANCA.
ESTREIA (depois o sarau fica toda primeira terça-feira do mês)
SLAM TAGARELA  - O professor e poeta Paulo Emílio Azevedo promove uma competição de poesias no Largo de São Francisco,  Centro. Participações dos poetas Allan Jones (SE), Renato Negrão (MG), Thiago Cervan (SP), Slow DaBF (RJ) e do Coletivo Le FUCOH (Macaé-RJ).

domingo, 22 de setembro de 2013

Criminalidade, jornalismo e Fernando Pessoa foram temas no Pauliceia Literária, que contou também com vários lançamentos de livros



O domingo, último dia do evento, começou com mais lançamentos no Pauliceia Literária. Na mesa Pessoa Existe? Debate sobre as múltiplas faces de Fernando Pessoa foram ouvidos, pela primeira vez, trechos do áudio livro de José Paulo Cavalcanti, "Fernando Pessoa - Uma Quase Autobiografia”. O advogado passou 10 anos pesquisando e escrevendo sobre a vida de Fernando Pessoa, foi 30 vezes para Portugal tentar reconstruir seus passos e chegou a contratar um pesquisador para ler três anos de jornais da época e descobrir novos fatos da vida do poeta. Cavalcanti fez o público rir diversas vezes ao contar casos inusitados de sua pesquisa e de sua obsessão pela vida de Pessoa. 

José Paulo Cavalcanti com seu 'Fernando Pessoa - Uma quase autobiografia'
A conversa foi mediada por Susana Ventura, uma das grandes especialistas em Pessoa no país, e contou com a participação do colombiano Jerónimo Pizarro, que pesquisa e edita a obra de um dos maiores escritores em língua portuguesa a partir de seus originais. É um das poucos que tem acesso a esse material e contou que existem, atualmente, 127 heterônimos conhecidos de Pessoa, mas que, como sua obra ainda está sendo desvendada, esse número pode aumentar. Jerónimo Pizarro lançou “Livro do desassossego” no Pauliceia.

O dia seguiu com a mesa Ficção e reportagem, aqui e acolá, sobre o ofício de jornalista versus o de escritor. Os portugueses Pedro Rosa Mendes, Inês Pedrosa – que também aproveitaram o Pauliceia para lançar seus livros - e o gaúcho Michel Laub contaram como seus trabalhos com o jornalismo influenciaram suas obras literárias. Pedro Rosa Mendes, que foi correspondente de guerra por muitos anos e morou no Timor Leste, contou que ver o horror, a violência e até a vontade de sonhar, que são característicos do homem, lhe fez crescer muito pessoalmente.  

Michel Laub contou que seus anos de editor de revista o ajudaram a ter facilidade em organizar textos de modo que sejam lógicos e acessíveis para o leitor. E que isso, ao mesmo tempo em que ajuda a escrever um livro, pode virar um problema. “Para alcançar a densidade literária, às vezes é necessário subverter as regras do jornalismo, não ser claro, ou eficiente. Preciso desligar a chave do jornalismo para escrever”, contou. Para Inês Pedrosa trabalhar em redação foi o jeito que encontrou para poder ter uma carreira que contemplasse a escrita. Afirmou que há textos jornalísticos com valor de literatura e que há livros que não são literatura, como o best-seller “50 tons de cinza”. E que as reportagens que fez a ajudaram a conhecer mais a realidade das pessoas.

Na parte da tarde, o Pauliceia Literária continuou com a mesa Pauliceia Estilhaçada livros que têm São Paulo como cenário, com Maria José Silveira, Marçal de Aquino e Tony Bellotto, mediada por Manuel da Costa Pinto. O domingo seguiu com a mesa Liberdade de Expressão, com Noemi Jaffe e Zlata Flipovic e foi concluído com a mesa de Encerramento – meus livros e mais nada, onde Patricia Melo e outros autores convidados leram trechos de seus livros preferidos.

Termina hoje (22) a Pauliceia Literária. Evento recebeu ontem a visita de Lygia Fagundes Telles

Hoje (22) é o último dia do Festival Internacional de Literatura de São Paulo – Pauliceia Literária, que desde quinta-feira vem sendo realizado na capital paulista, em uma iniciativa da Associação dos Advogados de São Paulo (AASP), com debates, oficinas, bate-papo e outras atividades, com a participação de mais de 30 autores brasileiros e estrangeiros.

Os eventos de ontem (21) contaram com escritores renomados. Além de Lygia Fagundes Telles, a primeira deste sábado, subiram ao palco do Pauliceia Literária as escritoras Ana Maria Machado e Beatriz Bracher, a advogada e escritora Luiza Nagib Eluf e a jornalista Mona Dorf, mediadora do debate.

Para homenagearem a consagrada escritora, que compareceu ao evento, as quatro mulheres levaram para a mesa suas obras preferidas de Lygia, das quais selecionaram um trecho para ler para o público. Ana Maria Machado leu uma passagem do conto A garota da boina, do livro Disciplina do Amor. Venha ver o pôr-do-sol foi o conto lido por Eluf, que o extraiu do clássico de Lygia, “Antes do Baile Verde”. Beatriz Bracher leu trechos do conto Apenas um saxofone.

As autoras discutiram o lugar feminino nas histórias de Lygia. “A mulher sempre foi a protagonista da história, na maior parte de suas narrativas, e não a coadjuvante, como geralmente acontece”, afirmou Eluf. Para ela, as mulheres vivem cegas para a realidade patriarcal em que vivemos.

Ana Maria Machado, diretora da ABL – Academia Brasileira de Letras -, vencedora do Prêmio Zaffari de literatura, de Passo Fundo, pelo seu último romance, “Infâmia”, disse que, apesar dos contos ocuparem um lugar de destaque na obra de Lygia, os seus romances, especialmente o título As Meninas, estão entre os livros mais fortes, belos, modernos da literatura universal do século XX. Na escrita na Lygia, o que fascina é a ambiguidade de suas frases, em que não sabemos o que é ficção, o que autobiográfico e memória.

A escritora Lygia Fagundes Telles
Lygia Fagundes Telles pediu o microfone para contar da sua emoção com a homenagem de lhe dedicarem uma mesa, e, em um tom bem-humorado, repetiu uma frase de seu filho: “Mãe, mulher pode chorar. Mas mulher nova, pois a mulher mais velha chorando fica feia. Então vou tentar não chorar”, disse ela, conversando de maneira descontraída com a plateia sobre histórias de sua vida.

A segunda mesa de sábado, “Brasil de 1808 a 1889, com Laurentino Gomes, foi sobre a sua trilogia. Para conversar sobre a obra do jornalista e escritor paranaense, foi convidado o editor de cultura do jornal O Estado de S. Paulo, Ubiratan Brasil.

Laurentino Gomes e sua trilogia
O bate-papo foi uma aula de história. Laurentino contou alguns trechos curiosos de seus livros e como é seu processo de pesquisa. Ele também fez um paralelo entre sua antiga carreira e sua atual vocação: “Tanto o jornalista, quanto o historiador estão atrás da verdade dos fatos. O jornalista é o historiador do presente”, afirmou. E explicou que a visão do passado muda de acordo com o momento que estamos vivendo. “Durante a ditadura, a história do Brasil era contada de maneira épica porque isso interessava aos militares. Na redemocratização, houve uma desconstrução dos heróis épicos”. Ao final, Laurentino tirou dúvidas da plateia, que queria entender sobre as raízes da corrupção no Brasil e de como ele lida com as críticas de acadêmicos.

Na mesa 10, Skakespeare e a Lei – O aspecto jurídico nas obras de Shakespeare, o professor José Garcez Ghirardi e o escritor Rodrigo Lacerda, dois especialistas em Shakespeare, fizeram leituras e comentários sobre algumas obras do dramaturgo inglês, como O mercador de Veneza, Rei Lear, e Romeu e Julieta, apontando os aspectos jurídicos na obra do bardo.

José Garcez Ghiradi
Análises de alguns aspectos das peças A Comédia dos Erros e Macbeth complementaram as interpretações. Rodrigo Lacerda iniciou a mesa lendo ensaio sobre a obra shakespeariana, para entender e explicar como surgiu o grande interesse do público por assuntos jurídicos no século 16.

O uso da linguagem jurídica, os litígios, os tribunais eram elementos usados na era elisabetana pelos dramaturgos e por Shakespeare. “Eles escreviam o que era de interesse do público. A estrutura jurídica, os oficiais judiciais o ‘law mayer’, os xerifes, os contratos nupciais compunham o enredo das histórias”, afirma Lacerda.

Garcez fez uma reinterpretação das obras do dramaturgo inglês para os dias de hoje de hoje. Começou dizendo que a lei é uma forma usada para beneficiar quem já está no poder. “Se ela serve como um instrumento de dominação, logo pode ser injusta”, afirma.

Em sua análise sobre a peça Rei Lear, de 1603, Garcez fala do poder do desejo de Edmund, um filho bastardo que luta para deixar de ser um homem natural para ser tornar um homem político. Citando Maquiavel, Garcez faz uma analogia à condição emocional do protagonista: “Se a (não) fortuna vai contra você, abuse de sua virtude”.
“O filho bastardo estava condenado a não existir. Ele foi sim um vilão, para conseguir aquilo que queria, mas o personagem expressa muito bem a filosofia de Shakespeare”, assinala Lacerda.

Trechos de Romeu e Julieta e Rei Lear ilustraram a ideia apresentada por Garcez em que a lei deveria encontrar um estatuto para o desejo: “Essa sempre foi uma busca de Shakespeare, mostrar que mais do que se preocupar com os preconceitos humanos, com o olhar de fora, externo, cada indivíduo deve encontrar seu caminho, deve descobrir seu desejo”.

O jornalista Edney Silvestre
O sábado continuou com Edney Silvestre, jornalista e escritor de “Vidas Provisórias” (Intríseca), e Alberto Mussa, de “O Senhor do Lado Esquerdo” (Record), convidados da conferência “Crime e memória – crimes reais e fictícios e seus contextos históricos”, com medição do jornalista Flávio Moura. O debate focou na gênese do romance policial e sobre como a realidade permeia as obras de Edney e Mussa. Houve ainda a mesa “O Advogado do Diabo”, reunindo Antonio Cláudio Mariz de Oliveira, Patrícia Melo e Luiz Eduardo Soares.

Programação deste domingo (22)
11h – Pessoa Existe? - Jerónimo Pizarro e José Paulo Cavalcanti Filho
13h – Ficção e Reportagem, Aqui e Acolá - Inês Pedrosa, Pedro Rosa Mendes e Michel Laub.
15h – Pauliceia Estilhaçada (livros com São Paulo como cenário) - Maria José Silveira, Marçal Aquino e Tony Bellotto.
17h – Liberdade de Expressão - Noemi Jaffe e Zlata Filipovic
19h – Meus Livros e Nada Mais: autores convidados leem trechos de seus livros preferidos  


sábado, 21 de setembro de 2013

Pauliceia Literária movimenta capital paulista hoje e amanhã. Valter Hugo Mãe, Ignácio Loyola Brandão e Scott Turow participaram de debates nesta sexta-feira


O Festival Internacional de Literatura de São Paulo – Pauliceia Literária teve uma sexta-feira movimentada, com debates, oficinas, bate-papo e outras atividades. O evento, uma iniciativa da Associação dos Advogados de São Paulo (AASP), prossegue hoje e amanhã na capital paulista e reúne 33 autores, entre eles 23 brasileiros e dez estrangeiros. 

Na tarde desta sexta-feira (20), o escritor português Valter Hugo Mãe e o mexicano Juan Pablo Villalobos debateram, na Mesa 4, as motivações que os levaram a abordar o tema central de suas obras, O apocalipse dos trabalhadores, e Se vivêssemos em um lugar normal, respectivamente.


 Valter Hugo Mãe

Vanessa Ferrari, editora da Cia das Letras, mediadora do debate, logo revelou a percepção que teve ao ler a obra de Valter Hugo Mãe, dizendo que o viu como um feminista. Ao que Valter rebate: “Sou, sim, feminista. Tenho a impressão que as mulheres, ainda, não são aceitas pelo do homem, que não aceita, na verdade, a beleza da mulher. Eles não podem e não sabem lidar com a beleza natural da mulher”.

A escolha do tema do seu livro, que aborda a questão de gênero, com duas mulheres, cuja profissão é de diarista, como protagonistas, é justificada pelo apreço do autor ao que é improvável, deslocado. “Me chama a atenção a forma como a mulher é colocada na sociedade, "muitas vezes sem voz" e "bestializada".

Valter ilustra ainda esta reflexão dizendo o quanto foi criticado em seu país por ter chorado em uma mesa literária, em sua primeira visita ao Brasil. "Os blogs daqui ressaltaram este acontecimento como se fosse algo anormal. E os portugueses me rechaçaram quando voltei. Diziam: 'é a morte do autor'", afirma.

O escritor mexicano citou a presença do animal, tema da mesa, em um dos seus livros, nesse caso o Se vivêssemos em um lugar normal, passado numa cidade que possui "mais vacas do que pessoas". Villalobos, cuja literatura confessadamente possui um viés social, afirma que sua geração não tem como fugir disso, indicando a forte tendência de autores mexicanos contemporâneos donos de histórias inspiradas na realidade do México.“Não é possível fechar os olhos para o que acontece no país.

Na mesa 5, Literatura e Cinema, realizada às 15h, o escritor e professor inglês Richard Skinner entrevistou o escritor e cineasta francês Philippe Claudel. Os dois debateram as diferenças entre produzir um romance e um texto para cinema e tentaram entender por que tantas vezes a tentativa de adaptar a literatura para as telas, fracassa.

Professor José Garcez Ghirardi na oficina Shakespeare
Para Philippe Claudel, autor de dez romances, a literatura proporciona ao escritor maior liberdade porque não é preciso considerar custos de produção “se eu quiser uma cena onde haja 2 mil pessoas na rua, não tem problema. No cinema, talvez o diretor reclame que isso é muito caro”, disse. Outra vantagem é não ter que se preocupar com elenco, em quem vão ser os produtores, ou redigir em prazos pré-determinados. Mas Claudel também é entusiasta do cinema e seu longa-metragem “Há tanto tempo que te amo” recebeu diversos prêmios. “No filme é possível mostrar apenas rostos, sem diálogos e isso já pode dizer muito ao espectador. Para conseguir o mesmo efeito em um livro seriam necessárias muitas páginas e o resultado seria entediante”, afirmou.

O cineasta francês disse ainda que não adaptaria seus livros para o cinema. Mas que já fez isso com obras de amigos, que não teve problemas em eliminar personagens ou partes da história. E completou que talvez contos ou crônicas sejam mais propícias para adaptação por serem mais curtas. E que há maiores chances de um resultado ruim, quando o roteiro de um filme partir de livros de autores com estilos de escrita muito próprios como Flaubert, Proust ou Céline, que não podem ser traduzidos em imagens.

Oficina de Shakespeare no Teatro Eva Herz
A mesa seguinte foi dedicada aos romances policiais. Leonardo Sica mediou Cenas do Crime com participação do jovem escritor carioca Raphael Montes, do ex-promotor americano William Landay e do advogado criminalista Luís Francisco Carvalho Filho. A conversa começou com a percepção de que todos ali estavam mais interessados em contar histórias humanas do que descrever assassinatos. “O crime é um jeito de falar de outros assuntos como a relação entre pais e filhos”, disse Landay que escreveu “Em defesa de Jacob” onde o investigador de um crime percebe que seu próprio filho pode ser um dos suspeitos.

O mediador Leonardo Sica perguntou se os três autores presentes questionavam, de alguma maneira, em seus livros, o funcionamento da justiça. Luís Francisco Carvalho Filho, com mais de 30 anos de experiência no Direito, logo respondeu que “justiça nunca funcionou, nem nunca funcionará”, o que rendeu muitos aplausos na plateia. Raphael complementou que sua obra “Suicidas” não questionava a eficácia dos tribunais, mas punha em xeque o curso de Direito, comandado pelos professores , os PhDeuses (um trocadilho com a palavra inglesa PhD, ou pessoas com doutorado) o que causou risada do público.

Na última mesa do dia, o escritor americano Scott Turow , autor de livros cujo gênero é o policial e o de suspense, pelo qual é visto como um mestre, contou ao público como começou a escrever e sobre o processo de criação de suas obras, que tiveram sucesso de público e crítica, e muitas delas foram adaptadas para o cinema, como “Acima de Qualquer Suspeita”.

Adriane Glazer e Scott Turow
Entrevistado por Arthur Dapieve, Turow, cuja formação é em direito, revelou que uma de suas estreias na literatura se deu com o lançamento com o livro de sua autoria, o ”Como se faz um advogado”. Mais tarde, como promotor federal, não parou de escrever e de se dedicar ao mundo das letras. “Mesmo como um homem da lei, não poderia ficar em silencia como escritor”, afirma.

Ele disse que no início da carreira na literatura, ele estudou em um curso de escrita criativa: nos Estados Unidos isso é muito comum, americanos acham que escritores podem ser ensinados. Fui “fellow” durante três anos e cheguei a me tornar professor de escrita”, revela o autor, Turow ainda falou sobre as crises existenciais que teve na época em que estava se tornando escritor de fato. “Ficava preocupada com a vida que levaria, da loucura que poderia ser, era como se eu tivesse me alimentando de mim mesmo, praticando um canibalismo”.

Turow ainda fez críticas ao site de compras Amazon e ao Google. Ele disse considerá-las empresas predatórias por praticarem a competição injusta no mercado em relação aos preços dos livros. Críticas também não faltaram a governos corruptos, explicando como os Estados Unidos conseguiram diminuir os casos de corrupção. “Quando fui promotor em Chicago, julguei muitos casos envolvendo autoridades corruptas”, recordando um episódio clássico do governo Nixon, em que o ex-presidente foi forçado a se demitir, e 30 de seus assessores foram para a prisão. “Entretanto, a pena por si só não diminui os casos não só de suborno e corrupção, mas também de homicídios no país. Não faz bem para a alma fazendo sofrer”, afirma.

Patricia Melo e Manuel da Costa Pinto participaram de uma das Mesas do evento
  
Programação:

Hoje - sábado (21)
11h – Mesa Lygia Fagundes
Telles - Ana Maria Machado, Beatriz Bracher e Luiza Nagib Eluf
13h – Brasil de 1808 a 1889 - Laurentino Gomes
15h – Shakespeare e a Lei - O Aspecto Jurídico nas Obras de Shakespeare - José Garcez Ghirardi e Rodrigo Lacerda
17h – Crime e Memória - Crimes Reais e Fictícios e Seus
Contextos Históricos - Alberto Mussa, Boris Fausto e Edney Silvestre falam sobre os seus livros
19h – Mesa Advogado do Diabo (debate sobre um tema polêmico) - Justiça, Violência e Punição - Antônio Cláudio Mariz de
Oliveira, Luiz Eduardo Soares
e Patrícia Melo

Amanhã - domingo (22)
11h – Pessoa Existe? -
Jerónimo Pizarro e José
Paulo Cavalcanti Filho
13h – Ficção e Reportagem, Aqui e Acolá - Inês Pedrosa, Pedro Rosa Mendes e Michel Laub.
15h – Pauliceia Estilhaçada
(livros com São Paulo como
cenário) - Maria José Silveira, Marçal Aquino e Tony Bellotto.
17h – Liberdade de Expressão - Noemi Jaffe e Zlata Filipovic
19h – Meus Livros e Nada Mais: autores convidados leem trechos de seus livros preferidos  

Fotos: Divulgação

sexta-feira, 20 de setembro de 2013

CBL completa 67 anos atenta às inovações do setor



A Câmara Brasileira do Livro (CBL) completa hoje, dia 20, 67 anos. Em mais de seis décadas, a entidade realizou inúmeras ações voltadas ao setor editorial, sempre visando à  valorização e disseminação do livro e da leitura.

Entidade que reúne editores, distribuidores, livreiros e creditistas (porta a porta), a Câmara Brasileira do Livro (CBL) nasceu durante a grande efervescência cultural dos anos 1940, quando surgiram inúmeras iniciativas, todas em benefício do livro e da leitura no Brasil. A causa principal era fazer do Brasil um país com educação cada vez melhor.

À época, um grupo de pessoas ligadas ao setor livreiro reuniu-se para debater os problemas e buscar soluções para uma atuação conjunta e organizada.

De lá para cá, a entidade vem realizando ações de importância nacional e internacional. Desde a sua fundação, em 20 de setembro de 1946, a CBL tem fomentado a participação das editoras em inúmeras feiras internacionais, além de criar a Bienal Internacional do Livro, que no ano que vem chegará à 23a edição. Também organiza um dos mais consagrados prêmios literários do país, o Prêmio Jabuti, que está em sua 55a edição. Além disso, a entidade promove o Congresso Internacional CBL do Livro Digital, que em junho realizou sua 4a edição.

A Escola do Livro é outra iniciativa valiosa da CBL que provê educação e profissionalismo continuados para representantes de editoras de grande, médio e pequeno porte, gestores, executivos e profissionais do setor.

Sempre atenta às movimentações do mercado editorial, a CBL, em parceria com o SNEL (Sindicato Nacional dos Editores de Livros) faz, anualmente, uma radiografia completa do mercado, por meio da Pesquisa Produção e Vendas do Setor Editorial Brasileiro, realizada pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas – FIPE, da Universidade de São Paulo.

A CBL interage com diferentes órgãos que representam o poder público, com objetivo de acompanhar iniciativas parlamentares e do poder executivo pertinentes ao setor, tais como: projetos de lei e programas governamentais de fomento ao livro e à leitura. E para agilizar este trabalho conta com uma assessoria parlamentar.

Pelo seu dinamismo  e capacidade de articulação nacional, a CBL é referência, no país e no exterior, para todos os assuntos relacionados ao setor editorial.

Desde 2011 à frente da CBL, a presidente Karine Pansa é a segunda mulher a ocupar o cargo máximo da entidade. Em seu segundo mandato, iniciado em 2013, Karine está permanentemente mobilizada e dialogando com várias instâncias governamentais, para discutir e levar reivindicações, sempre direcionadas ao fortalecimento e democratização do livro. Paralelamente, os brasileiros estão lendo mais e o preço dos livros, de modo geral, está mais acessível. 
  
Karine Pansa, presidente da CBL (Divulgação)
“Para mim, é uma honra presidir uma das mais importantes entidades do setor editorial do país”, diz Karine. “Estar à frente da CBL é também compartilhar com todos os pares, do objetivo maior da entidade, que é construir um país com melhor educação, por meio da valorização e disseminação do livro e da leitura”, completa a presidente.

Hoje, a CBL representa 570 associados em todo o país. Por meio de importantes parcerias, a CBL projetou o Brasil mundo afora: o país vem sendo homenageado, frequentemente, em várias feiras internacionais.

E, neste ano, todas as atenções estão voltadas para a Feira do Livro de Frankfurt, a ser realizada de 9 a 13 de outubro, no qual o Brasil é o convidado de honra. Mais de 170 editoras do país estarão presentes, além de cerca de 70 escritores nacionais. 

A fundação da CBL, há 67 anos, foi o primeiro passo desta imensa jornada de transformar o Brasil, reconhecidamente, neste grande país dos livros.